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La trama de la comunicación

Print version ISSN 1668-5628

Trama comun. vol.21 no.2 Rosario Dec. 2017

 

ARTÍCULOS

El diversional en los relatos periodísticos. Acercando el periodismo y la literatura

 

Por Elizabeth Moraes Gonçalves y Marli dos Santos

bethmgoncalves@terra.com.br / Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

marli.santos@metodista.br / Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

Elizabeth Moraes Gonçalves
Brasileña
Doutora em Comunicação Social. Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
Área de interesse: Comunicação Institucional e mercadológica, Linguagem, Discurso, publicidade.
E-mail: bethmgoncalves@terra.com.br

Marli dos Santos
Brasileña
Doutora em Comunicação Social. Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
Área de interesse: Comunicação midiática, jornalismo especializado, novos formatos jornalísticos.
E-mail: marli.santos@metodista.br


Sumario:

Ter a linguagem como matéria prima aproxima a Comunicação da Literatura. O texto se propõe a refletir sobre os pontos de encontro e de distanciamento entre a narrativa jornalística e a narrativa literária, especificamente tratando da reportagem, sendo a narrativa um dos gêneros discursivos mais perenes e flexíveis na história da humanidade. A linguagem é tratada neste estudo como forma de interação humana, e a reportagem, ainda que se considere a existência de diversas classificações, interessa, neste estudo, aquela cujas características a aproximam do gênero diversional, mais próximo da literatura. Por meio de uma revisão bibliográfica verifica-se que os limites entre as duas áreas se estabelecem pelos contratos existentes entre os interlocutores e que a reportagem enquanto narrativa se apropria da literatura para agregar estética ao saber fazer jornalístico.

Descritores: Comunicação; Jornalismo; Reportagem; Linguagem; Gênero Diversional

Summary:

Having language as raw material approaches the Communication from the literature, the text proposes to reflect on the meeting points and distancing between journalistic narrative and literary narrative, specifically dealing with the story, and the narrative one of the most perennial genres and flexible in human history. The language is treated in this study as a form of human interaction, and the report, although it considers the existence of different classifications, interests in this study that the characteristics of the approach the diversional genre, closer to literature. Through a literature review it is apparent that the boundaries between the two areas are established by existing agreements between the parties and that the story as narrative appropriates the literature to add esthetic to learn to journalism.

Describers: Communication; Journalism; Reporting; Language; Diversional genre


O diversional nas narrativas jornalísticas: aproximando jornalismo e  literatura

"Só as palavras não foram castigadas com
a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites"
 (Manoel de Barros).

Primeiro o vínculo entre comunicação e literatura: a linguagem

Não estar submetida à ordem natural das coisas caracteriza as palavras com a liberdade e o poder de criar mundos. O poeta valoriza a palavra ou a linguagem como um todo, como elemento que não se restringe à ferramenta ou instrumento de comunicação. Por meio da linguagem as ideologias são concretizadas, o conhecimento torna-se mais concreto, o homem cria e recria o universo, em diferentes contextos, com diferentes objetivos. A palavra ou a linguagem escrita aproxima Comunicação e Literatura, pois ambas só acontecem na e por meio da linguagem, porém de formas distintas: da literatura se exige o feitio artístico e a busca do prazer estético, o que não caracteriza necessariamente a comunicação ou o jornalismo, mais especificamente. Contudo, não se trata daquela linguagem a qual se refere Manoel de Barros, mas ao instrumento, por meio do qual o ser humano expressa seus sentimentos, ideias e emoções. O que nos leva ao estudo da Comunicação em paralelo com a literatura é a possibilidade de ultrapassar essa visão instrumental.
O estruturalismo, desenvolvido nas primeiras décadas do século XX, em especial nas ciências das áreas de humanidades, foi responsável por moldar o pensamento e a visão de mundo, explorando as inter-relações ou as estruturas que determinam o significado das mais diversas atividades do homem em sociedade, desde, por exemplo, os rituais religiosos até os jogos, passando, evidentemente, pelas manifestações de linguagem escrita, como os textos literários e não literários. Um estruturalista defenderia que o significado da história seria apreendido na estrutura profunda que sustenta a narrativa, responsável pela caracterização dos diferentes gêneros – fábulas, novelas, romances etc. Nesse sentido a linguagem é estudada no mesmo nível que as demais ciências sociais:
Se, agora, estudamos a linguagem juntamente com os antropólogos, devemo-nos regozijar com a ajuda que eles nos trazem. Com efeito, os antropólogos têm sempre afirmado e provado que a linguagem e a cultura se implicam mutuamente, que a linguagem deve ser concebida como uma parte integrante da vida social, que a linguística está estreitamente ligada à Antropologia Cultural (Jakobson, 1995: 17).
 Dessa forma, as leis internas ou estruturas dos fenômenos dariam conta de estabelecer as diferenças e significados – a literatura teria uma estrutura que a diferenciaria da comunicação social. Sabemos, contudo, que há muito mais entre a comunicação e a literatura do que o sistema interno que as diferencia.
Ainda nessa visão estruturalista, poderíamos, conforme Jakobson (1995: 128) distinguir as manifestações comunicacionais das literárias pela predominância das funções de linguagem; enquanto os textos da comunicação enfatizam a função referencial, os textos literários estão voltados à função poética, embora, evidentemente, o próprio autor alerta para o fato de que funções não são exclusivas desses textos. Ao caracterizar a poética como disciplina envolvida na linguística e ao mesmo tempo diferente dela, Jakobson reconhece que a linguagem propicia "condutas verbais" diferenciadas, artísticas ou não:
A poética trata fundamentalmente do problema: Que é que faz de uma mensagem verbal uma obra de arte? Sendo o objeto principal da poética as differentia specifica entre a arte verbal e as outras artes e espécies de condutas verbais, cabe-lhe um lugar de preeminência nos estudos literários. A poética trata dos problemas da estrutura verbal, assim como a análise de pintura se ocupa da estrutura pictorial. Enquanto a linguística é a ciência global da estrutura verbal, a poética pode ser encarada como parte integrante da linguística. [...] Numerosos traços poéticos pertencem não apenas à ciência da linguagem, mas a toda a teoria dos signos, vale dizer, à Semiótica geral (Jakobson, 1995: 119).
Porém, essa associação às funções de linguagem torna muito simplista o conceito tanto da comunicação quanto da literatura. Em uma postura pós-estruturalista que assumimos, devemos ampliar esses conceitos e entendermos que a comunicação não se restringe ao factual ou ao informativo, mas também está na arte, na poesia, no entretenimento. Da mesma forma a literatura está no jornalismo e em outras manifestações da comunicação. Portanto, a comunicação pode ser referencial, mas pode ser estruturada de maneira tão poética quanto é um texto da literatura e um texto literário pode trazer informações da sociedade na qual está inserido ou ao qual se refere, levando o leitor a formar uma ideia crítica sobre o ambiente, a sociedade e os personagens (reais ou fictícios). No presente estudo trazemos as reflexões sobre a diversão na e pela linguagem: trata-se de uma prática discursiva mais associada à literatura devido ao seu desprendimento quanto à veracidade dos fatos ou à objetividade do relato ou do depoimento, porém apresentamos o gênero diversional no jornalismo, aproximando o feitio artístico da linguagem da literatura ao contexto do jornalismo, conforme veremos a seguir.

Relações entre jornalismo e literatura - O gênero diversional
 
Entendemos, baseados em Assis (2010), que há um gênero específico, denominado "gênero diversional", que une o jornalismo e a literatura, "união genuinamente íntima", que pode se concretizar, no jornalismo, em alguns formatos, como a "história de interesse humano" e a "história colorida". O autor explica, em outro texto, tratar-se de um "neologismo, sem palavra correlata em outro idioma, e que, de fato, se remete transversalmente à ideia de diversão. Ideia por vezes incompreendida, a bem da verdade, porque não raramente confunde-se conteúdo com forma" (Assis, 2016: 144). Estamos, portanto, frente a uma abordagem do gênero pela forma – a maneira de organizar o texto, de compor a mensagem de forma mais poética - o valor estético, tal como se faz na literatura, é assimilado pelo jornalismo, ainda que seus temas em nada se relacionem à diversão: "Muitas vezes, consiste em dramas humanos, assassinatos, casos de tortura, histórias de pessoas já falecidas [...]. A finalidade de diversão, se cumpre e se estabelece no relato com requintes literários" (Assis, 2016: 144).
No contexto que ultrapassa os aspectos formais, Costa (2011) sintetiza as ideias de Melo sobre a "história de interesse humano", explicando que é uma narrativa que recorre a artifícios literários, dando ênfase à história de anônimos ou celebridades, porém, mantém a veracidade dos fatos, como estratégia discursiva que garante a credibilidade ao jornalismo. Já o outro formado do gênero diversional é a "história colorida", que dá ênfase ao ambiente, trata-se de uma narrativa "impressionista", que faz imersão nos acontecimentos, ressaltando detalhes essenciais à ação de protagonistas e coadjuvantes. O jornalista se torna um observador, quase um flanêur, nos dois formatos. Ora observando o protagonista, ora o cenário.
Destacamos, dessa forma, dois aspectos do gênero diversional: o primeiro é assumir que a reportagem pode ter uma feição literária, apropriando-se de técnicas ficcionais, e que a união é profícua. O segundo é que a ligação com o new journalism americano é evidente. Na definição dos dois formatos, Melo (2012) afirma que no primeiro o destaque é o agente noticioso, no segundo, os cenários noticiosos, ou seja, ângulos diferentes sobre um mesmo fato.
A reportagem, na definição de Melo, citado por Costa (2011: 55), exige "descrições do repórter sobre o "modo", o "lugar" e "tempo", além da captação das "versões" dos "agentes" e os "cenários noticiosos". O autor alerta para o fato de que o uso das técnicas literárias como "recurso narrativo" "não transcende a descrição da realidade" (Costa, 2011: 73). Mas qual é o limite da narrativa literária e da informação jornalística? Em que medida os cenários e os agentes noticiosos, descritos e narrados pelo repórter, não revelam a realidade?
Isso nos remete a pensar que, além dos valores-notícia que a teoria dos newsmaking formula, existem outras dimensões que influenciam a seleção de temas e ângulos a serem abordados em um relato, como diria Chaparro (2000).  Essas escolhas dependem também da estratégia editorial do veículo e das relações que se estabelecem entre os interlocutores, ou seja, do contrato de leitura existente entre as partes envolvidas no processo comunicacional.
Outro aspecto a considerar é o que Assis (2010) destaca sobre notícia e acontecimento. Segundo o autor, citando a pesquisadora Ana Carolina Rocha Pessoa Temer, o jornal não se restringe à notícia.  Apesar de reconhecer que há várias definições para notícia, Assis sustenta a sua argumentação em Melo (2009), o qual define notícia como um "relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social. Contém necessariamente respostas às perguntas de Quintiliano (quem? O quê? Quando? Como? Por quê?), transformadas em fórmula jornalística 3Q+CO+PQ..." (Melo apud Assis, 2010: 141). Os elementos da notícia, portanto, podem estar presentes no contexto da reportagem, ainda que a escolha seja por um desenvolvimento literário.
Assis analisa ainda, referindo-se ao gênero diversional, que "em alguns momentos e em determinadas situações, o jornalismo se opõe aos seus dois paradigmas fundamentais – o da vida pública e o da esfera pública" (Assis, 2010: 141). Porém, se formos considerar as definições de Groth (Belau, 1966) sobre a universalidade (um dos conceitos fundantes do jornalismo), a argumentação de oposição ao paradigma não se sustenta.  Segundo os conceitos de Groth (Belau, 1966), tudo que interessa ao humano, aquilo que diz respeito às atividades do homem e à sua relação com o mundo, é tema do jornalismo. Em seus estudos no início do século XX, já considerava as revistas segmentadas e os demais assuntos que apareciam nos jornais como pertencentes à universalidade jornalística.
De acordo com Groth (2011), ao mundo presente do indivíduo pertence não só suas atitudes e relações, mas o mundo espiritual e o mundo do ser e os sonhoso homem imprime às ideias aquilo que o mundo real nega. O pesquisador alemão diz que a tarefa dos jornais e revistas é comunicar o conhecimento de todas as questões em todos os ramos da cultura e da vida do indivíduo e a sociedade.
Importante salientar que os gêneros evoluem, transformam-se e hibridizam-se na sociedade e na cultura, marcadamente históricas. Melo (2009), ao propor nova classificação dos gêneros jornalísticos, teve a preocupação de atualizar a sua proposta anterior, considerando as mudanças que ocorreram na sociedade brasileira a partir dos anos 1990. O autor afirma que a empreitada que realizou com outros pesquisadores desafiou o grupo ao longo da pesquisa, sobretudo devido à velocidade com que se deu a ascensão do jornalismo utilitário, despertando o interesse de novos pesquisadores pela observação crítica dos formatos que lhe correspondem em espaços diferenciados. Neste nosso estudo destacam-se esses novos gêneros apontados pelo autor, em especial o diversional ou de entretenimento, ao qual a associação com a narrativa literária torna-se mais pertinente.

O jornalismo literário e a reportagem – aspectos históricos

Como "aspecto temporal do fato social" ou acontecimento relatado sob alguns ângulos, de acordo com Lima (2004) e Sodré (2009), a reportagem é uma evolução da notícia, que exige mais aprofundamento e interpretação da realidade. Ela surgiu - como efetivamente a conhecemos hoje – no início do século XX.
Foi nesse período que os telégrafos e as impressoras rotativas davam conta de propiciar agilidade, economia e grandes tiragens aos jornais, para atender às demandas da sociedade. O século da modernidade e da mobilidade consolidou esse tipo de relato, pois, mais do que a notícia, as pessoas precisavam de aprofundamento dos fatos. A reportagem surgiu então como uma necessidade, para fazer a ligação dos fatos e interpretá-los para o leitor. Tratava-se de estabelecer com o leitor um novo contrato de leitura – buscava-se na reportagem o complemento, a avaliação, aquilo que não caracteriza a notícia jornalística.  Por isso, cada vez mais, diante da ebulição causada pela primeira guerra mundial, dos avanços tecnológicos e do capitalismo, a reportagem se consolidou nos jornais e revistas, como um gênero essencial ao jornalismo. Nos Estados Unidos, a Time tornou-se referência para as demais publicações; no Brasil, a primeira revista a dar destaque às reportagens foi a Cruzeiro, que surgiu em 1928. 
Antes disso no Brasil, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, ou simplesmente João do Rio, fez escola com as suas reportagens sobre o cotidiano social e político no Rio de Janeiro, publicando no jornal A Tribuna as histórias que apurava no cotidiano. Ele fez sua estreia no jornalismo em 1º de junho de 1899, com 18 anos. Mas foi no período de 1903 a 1915 que ficou conhecido pelas reportagens que escrevia sobre a cidade.
Há precedentes que gestaram ao longo da história o surgimento de estilos e formatos tanto na literatura quanto no jornalismo. A autobiografia é um exemplo. "É a única forma de não-ficção que sempre teve quase a mesma força do romance", mas que influenciou também jornalistas durante a década de 1960, inclusive no uso da primeira pessoa, levando-o a ser conhecido como "jornalismo subjetivo".
O ensaio é outro gênero literário que pode ser reconhecido por alguns como manifestação da não-ficção. Wolfe (2005) cita o caso de William Haslitt, escritor do século 18, que no seu artigo "A luta", elabora um texto com vivacidade sobre os golpes dados e as expressões dos lutadores Bill Neate e Gás-man, na disputa do título de punhos-nus.
Um ponto crucial que diferencia os gêneros autobiografia e ensaio do jornalismo é que não há postura de reportagem. Aliás, na autobiografia o personagem e a história só dependem do autor e no caso do ensaio as observações não implicam em usar as técnicas de captação, ou da "aventura" da reportagem, como a exposição a uma sorte de eventos, às vezes promissores, às vezes desalentadores. Entrevistas e informações negadas, submissão a horários, a ambientes muitas vezes inóspitos, coisas as quais os escritores não se sujeitam. Não há pautas a cumprir, não há a pressão das redações.
Enfim, identificar-se com escritores nesse período, final do século 19 e início do 20,  especialmente os romancistas,  inegavelmente era um status para jornalistas; ao passo que estar no rol dos profissionais de imprensa era ser considerado pelos romancistas quase um operário do efêmero. À literatura cabia o essencial, o permanente; ao jornalista, o fugaz e o superficial.
Outro período marcante na reportagem ocorreu nos anos 1950 e 60: o novo jornalismo.  Nascido nos EUA, o new journalism significou um mergulho na realidade. Foi um momento de revisão e de imersão. "Faça amor, não faça a guerra". Era o que gritava a juventude da época. O jornalismo embarcou nessa onda e fez emergir (ou resgatou) um estilo de reportagem, ou melhor, uma reportagem parecida com o conto. A reportagem literária ocupava os espaços em jornais e revistas, questionando a aridez dos textos objetivos e a falta de criatividade dos jornalistas. A pauta mais flexível, sem a obrigação do furo, deu lugar ao cotidiano, aos personagens anônimos, subvertendo os valores-notícia.
Jornalistas do Herald Tribune e do Times Square, no EUA, produziram suas reportagens com ares de romance. Outros jornalistas inspirados no estilo passaram a cobrir guerras, política e cotidiano. No Brasil, o novo jornalismo influenciou duas grandes publicações: a revista Realidade (1966-1976) e o Jornal da Tarde.
A história registra reportagens em estilo literário e livros-reportagem produzidos por escritores-jornalistas ou jornalistas-escritores, como Truman Capote, autor de "A sangue Frio", Gay Talese, Joseph Mitchell, entre outros. No Brasil, "Os sertões" (1902), de Euclides da Cunha, é resultado de uma coletânea de reportagens que fez sobre a guerra de Canudos. Há também o desejo de jornalistas que optam por produzir reportagens em livros em vez de reportagens em jornais ou revistas, por conta da liberdade de pauta e de estilo. Como aqui não se pretende discutir pioneirismos, nem se fazer um inventário sobre o tema, o intuito é apenas apresentar como a reportagem pode estar inserida em suportes diferentes, como um jornal ou um livro, e guardar as suas características essenciais, dialogando com a literatura e compartilhando a busca do prazer estético e a diversão, em última instância.
A relação do jornalismo com a literatura já estava selada desde que o jornal surgiu. Especialmente no Brasil, Euclides da Cunha, João do Rio, Machado de Assis e Lima Barreto no começo do século XX eram escritores-jornalistas e jornalistas-escritores. Estes profissionais usaram as técnicas literárias antes de a pirâmide invertida chegar ao Brasil, ou seja, o estilo jornalístico. As interfaces estão presentes na autoria, na técnica e também no estilo.

Flertes entre gêneros e formatos

A reportagem não só flerta com a literatura, mas com os diversos formatos da arte literária. Nas modalidades mostradas no quadro a seguir observa-se que as relações do jornalismo com a literatura são enraizadas, considerando, como vimos, que escritores também exerceram o jornalismo e vice-versa no Brasil e no mundo. 
O uso das técnicas literárias para a elaboração da narrativa jornalística, incluindo narração, descrição, diálogo, exposição, perspectivas narrativas do narrador e/ou dos personagens/fontes, digressões, fluxo de consciência do personagem, como diz Lima (2004), são possibilidades de criação para o jornalismo.

Tabela 1: classificação da reportagem jornalística


Classificação

Definição

Reportagem-crônica

Aborda o cotidiano, utilizando técnicas literárias, dando ênfase a personagens. 

Reportagem-descritiva

Utiliza a descrição como elemento essencial na narrativa, como as que relatam a Guerra de Canudos, elaboradas por Euclides da Cunha e publicadas no jornal O Estado de S. Paulo, em 1902.

Romance-reportagem

Cosson (2002:71) classifica como gênero híbrido, reúne "... nessa condição de gênero a força política do jornalismo com a força poética da literatura".

Livro-reportagem

Projeta na narrativa liberdades, desde o tema, propósito, passando pela pauta, pela abordagem, pela captação, pelas fontes, texto e edição (Lima, 2014: on line).  .

Reportagem-perfil

"Retrato detalhado de personagens famosos ou anônimos, individualizando a compreensão mais ampla possível do ser humano em destaque na matéria" (Lima, 2014: on line).

Reportagem-conto

 

 

É texto enxuto, claro, com ênfase ao "sentido humano", às histórias de vida. A estrutura é a do conto. "Um meio de introdução da ficção no real, colorindo os fatos, revestindo-os de sutilezas psicológicas, quase sempre proibidas no jornalismo     (Sodre; Ferrari, 1986: 98-99).

Reportagem-etnográfica

Utiliza "técnicas de encenação de estilos de vida e inverte as formas convencionais de cobertura da atualidade" (Seibt, 2013: 104).


Elaborado pelas autoras deste artigo, a partir de diversas fontes. 

Os estudos, portanto, são vastos e abrangentes, ao apresentarem possibilidades de mesclas entre os elementos próprios do jornalismo e a literatura, narrativa criativa, autoral, subjetiva. São formas distintas de abordar a realidade do universo natural e transformá-lo, pela linguagem, em mundos possíveis, tanto ao jornalismo quanto à literatura.
O entendimento de que a verdade do universo natural não se reproduz em termos de linguagem, leva-nos a considerar que o texto (qualquer que seja ele) deve ser tomado como forma de construção do universo, como representação ou recorte. O objeto é construído nos textos pela articulação entre os núcleos de produção e de recepção, conforme Verón (1983: 56):
 (...) nenhum efeito do sentido é automático; nenhum efeito de sentido é da ordem de uma relação linear causa/efeito (...) ao mesmo tempo que se reconhece a existência dos efeitos, e se considera, igualmente, que este efeito só existe se se considerar que eles estão em relações com as propriedades da mensagem.
Os efeitos de sentido acontecem no momento da enunciação, portanto envolve os interlocutores e um jogo de compreensão, de entendimento, fazendo jus a um contrato velado estabelecido entre as partes. Portanto, é possível imaginar que ao buscar uma reportagem com perfil de narrativa literária o leitor esteja buscando algo para além do factual, do informacional, que chamamos neste estudo de diversão.

Jornalista, literato, leitor – a visão dos interlocutores.

O que diferencia, de fato, comunicação, especialmente o jornalismo, da literatura é a relação que se estabelece entre os interlocutores e as modalidades que os une; enquanto o jornalismo pauta-se pelo fazer-saber, a literatura procura um fazer-ser, ou seja, a literatura, para além da informação leva o leitor ao desenvolvimento do prazer estético, do senso crítico, características que também podem estar nos processos de comunicação, porém sem a ênfase que tem no feitio artístico da literatura. Sobre essa relação entre os interlocutores e sobre o processo dessa construção simbólica que se processa na e pela linguagem, Fausto Neto (2002: 197) observa que

Se a linguagem é o campo privilegiado para a produção e circulação dos discursos, pode-se também dizer que as relações entre sujeitos, a construção e a indicação do objeto, como referente, as maneiras e intensidades com que se processam as interações entre campos e/ou atores passam, igualmente, pela dimensão e esfera dos "jogos de linguagem". Nesse caso, as relações entre sujeitos são, antes de mais nada, relações simbólicas que se formalizam por meio das marcas, operadores, modalizações discursivas, bem como dos contratos de leituras. É nessas condições que a noção de receptor pode, e deve também, ao lado da dimensão sociológica, ser construída e explicada semiologicamente" (Fausto Neto, 2002: 197)
A abordagem da linguagem para além de sua função instrumental teve início com os estudos de Benveniste (1966), procurando identificar no próprio enunciado, elementos da subjetividade do locutor, o que era relegado à fala nos estudos da linguística saussuriana. Nesse contexto, ao desenvolver a teoria da enunciação, Ducrot identifica elementos cuja função não se restringe à gramática, mas são responsáveis por dirigir o interlocutor a determinadas conclusões, a valorizar determinadas ideias em detrimento de outras:
o valor argumentativo de uma frase não é somente uma consequência das informações por elas trazidas, mas a frase pode comportar diversos morfemas, expressões ou termos que, além de seu conteúdo informativo, servem para dar uma orientação argumentativa ao enunciado, a conduzir o destinatário em tal ou qual direção (Ducrot, 1981: 178).

A linguagem deixa de ser simples instrumento de representação do pensamento ou espelho da realidade que representa, e passa a ser entendida como elemento de interação social. É por meio da linguagem que se estabelecem os relacionamentos e a relação entre os atores, interlocutores do processo comunicativo.
 Marcada pela ideologia, a linguagem, como campo da produção e circulação dos discursos, é responsável por dar corpo às ideias, porém, envolve um processo de marcar a posição do sujeito em relação ao objeto e em relação aos demais atores. Como ressalta Santaella (1996: 330) "As linguagens não são inocentes nem inconsequentes. Toda linguagem é ideológica, porque ao refletir a realidade, ela necessariamente a refrata". Da mesma forma, para Charaudeau (2003: 67) o fundamento de todo discurso são as condições enunciativas, responsáveis por permitirem que certo mecanismo de comunicação social possa produzir sentido, entendendo que "o sujeito e o sentido não existem, produzem-se no trabalho discursivo" (Kristeva, 1988: 316).
 Nos jogos de linguagem os sujeitos interlocutores se relacionam a partir de determinadas condições estabelecidas e papeis a serem desempenhados, construindo um fenômeno particularmente dialógico, um jogo de imagens que se encontram: imagem que um sujeito faz do outro, imagem que cada sujeito faz de si mesmo e ainda, imagem que fazem do objeto e do contexto em que se inserem:
Como ambos - emissão-recepção - se encontram no interior de um contrato, deve-se considerar a mobilização de várias remissivas: relações entre texto e autor; texto com outros textos; textos referentes, enfim, saberes e várias dimensões interdiscursivas que põem por terra a noção de sujeitos (autor e leitor) objetivos. (Fausto Neto, 2002:  200)
O discurso, portanto, é construído a partir de uma ação conjunta e não de uma linearidade que pressupõe a ação de um sobre o outro passivo, pois cada sujeito imprime à relação comunicativa aspectos que permitem o seu reconhecimento e exigem que as ideias sejam tratadas de uma forma e não de outra. É assim que a comunicação jornalística tem atuado, longe da proposta de representar a verdade, mas buscando, na atuação dos sujeitos uma forma de mostrar a realidade construída pela relação entre os indivíduos. Cabe, portanto, retomar que não são as condições de veracidade ou de proximidade com os fatos ou com a realidade concreta os fatores de diferenciação entre textos da literatura e textos da comunicação; a subjetividade está em todos eles, em maior ou menor grau. Assim como a proximidade com o real não é característica exclusiva do jornalismo ou da reportagem, também não é a ficção que identifica o texto literário, como lembra Maingueneau (1996: 28) ao tratar da pragmática para o discurso literário:
deve-se estar atento para o fato de que a noção de ficção não coincide absolutamente com a de literatura (a conversa mais banal está recheada de enunciados de ficção) e de que a literatura é constituída de obras e não de enunciados isolados. 
O receptor que nunca foi passivo, mas que na abordagem linear do processo comunicacional era mesmo situado como aquele que recebe os conteúdos prontos, passa a ser visto como atuante e participante do processo. O foco é deslocado do enunciador, para o par formado pelo locutor e pelo interlocutor, o enunciador e seu co-enunciador.
Para Bakhtin (1997), o autor nunca está sozinho, o texto nunca é o primeiro, original, pois traz consigo referências a textos anteriores ou servirá de referência a textos posteriores, ou ainda, o simples fato de enunciar alguma coisa pressupõe a existência do outro: "O fato de ser ouvido, por si só, estabelece uma relação dialógica. A palavra quer ser ouvida, compreendida, respondida e quer, por sua vez, responder à resposta, e assim ad infinitum" (Bakhtin, 1997: 357).
Assim, a linguagem deve ser entendida para além da sua estrutura ou possíveis estruturas, para além da sua capacidade de descrever a realidade, mas ressaltando-lhe a potencialidade de criar e recriar a realidade, uma capacidade performativa e gerativa; linguagem como ação e como interação.

Considerações finais

A palavra, matéria prima da literatura, faz-se presente em todas as atividades comunicacionais e/ou jornalísticas. Enquanto na literatura a palavra tem uma função estética, para além de seu valor referencial, na comunicação e no jornalismo, torna-se elemento de interação, capaz de conectar indivíduos, de estabelecer trocas. Retomando Jakobson (1995) seria deslocar a função poética do seu ambiente primeiro e vinculá-la ao jornalismo, caracterizado essencialmente pela função referencial. Nesse contexto a poeticidade amplia seu valor estético e passa a agregar uma função de envolver o outro na narrativa, um efeito fático, segundo o estudioso.
Porém, como toda interação, não acontece de forma ingênua ou neutra: há sempre um objetivo de atuar sobre o interlocutor de alguma maneira. Pela linguagem, não apenas falamos das coisas, mas alteramos o próprio estado das coisas, dos seres e dos acontecimentos. Em sua ontologia da linguagem Echeverría (2011: 51) propõe que "um objeto é sempre uma relação linguística que estabelecemos com nosso mundo. Os objetos são constituídos na linguagem e trazem sempre nossa própria marca humana e sempre dizem algo de nós mesmos".
Nesse sentido pudemos observar que na forma jornalismo pode se aproximar da literatura no gênero diversional (Assis, 2010) e podem também estar nos formatos de "histórias de interesse humano" e "histórias coloridas" (Melo apud Costa, 2011), um com foco no "agente noticioso", outro preocupado com a cena, estabelecendo com o leitor uma interlocução que extrapola a representação do real e agregam estética ao discurso jornalístico. Por isso remetem ao diversional não como frivolidade, mas como prazer e contemplação. Ainda no campo dos gêneros jornalísticos, o diálogo entre jornalismo e literatura é reconhecido especialmente no formato reportagem, por meio de diversos outros subformatos. É o que encontramos, por exemplo, na reportagem-crônica, na reportagem-descritiva, no romance-reportagem, no Livro-reportagem, na reportagem-perfil, na  reportagem-conto e na reportagem-etnográfica. São tratamentos diferenciados dados aos objetos temas das reportagens, selecionados com o objetivo de cumprir um contrato de comunicação estabelecido entre os interlocutores, entre o órgão editorial e seus leitores. 
O jornalismo, como qualquer outra manifestação de linguagem, não pode reproduzir a realidade objetiva do universo natural, mas representar a universalidade dos mundos presentes, tanto dos jornalistas como dos leitores no que se refere ao conteúdo. Sintetizando, Groth afirma que o jornalismo se baseia no Eu e o mundo – o mundo presente (Belau, 1966). Temos aqui uma chave importante para relacionar o jornalismo à literatura.
As condições de interação, os papeis dos interlocutores e os objetivos dos textos produzidos é que fazem emergir as diferenças entre os textos da literatura e os do jornalismo, ainda que estruturas e características estéticas e estilísticas possam se misturar. O compromisso do jornalista em relação ao seu público não é mesmo que o compromisso do literato; da mesma forma que o público busca nos textos da literatura elementos diferentes daqueles que procura no jornalismo. Este fator, contudo, não é suficiente para se colocar de um lado o literato e de outro o jornalista; sabemos que os primeiros grandes jornalistas no nosso país são literatos, aqueles que escreviam pelo prazer artístico (em país de iletrados, na época da chegada da imprensa), passam a escrever por ofício ou pelo compromisso de informar e formar os cidadãos. Hoje, grandes nomes da mídia lançam-se como literatos, agregando a sua obra o prestígio conquistado junto ao público.
O reconhecimento de uma intenção pragmática muitas vezes caracteriza o texto como literário ou não. Da mesma forma a inserção de características artísticas ou poéticas, próprias da literatura, quando agregadas ao texto da Comunicação, faz emergir novos formatos ou simplesmente traz ao texto da Comunicação um novo argumento, uma nova forma de persuasão, um novo vínculo entre os interlocutores. No texto jornalístico, por exemplo, é comum nos cadernos de cultura, nos artigos, a busca de nomes da literatura, com seus estilos e formas especiais de usar a linguagem para abordar os fatos do cotidiano ou os fatos históricos ou artísticos a que se referem. Nesse sentido, trata-se de um jornalismo que busca, para além do factual, a reflexão, nutre-se do valor e do prestígio da obra literária sem perder seus rumos jornalísticos. A diversão e o prazer da literatura presentes em gêneros do jornalismo o transformam, da mesma forma que os fatos jornalísticos dão origem, muitas vezes, a obras literárias. Estamos frente à linguagem de cria mundos, às palavras com os seus "deslimites", como sugere Manoel de Barros.

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Fecha de recepción: 09-09-2016.
Fecha de aceptación: 12-12-2016.

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